sexta-feira, 10 de junho de 2011

EDITORIAL: Indivíduos ou robôs?

CONSTRUÍMOS IGREJAS OU INSTITUIÇÕES????

Por Ubirajara Crespo

Há algum tempo atrás conversava om preciosos irmãos a respeito da questão da unidade da Igreja. Alguns questionavam a existência das denominações como forma de organização ideal para a Igreja e de suas tentativas frustradas para se apresentar como Corpo de Cristo. Outros diziam que a localidade é a única base para a existência da Igreja e, segundo eles, o denominacionalismo é fruto da carne e tem a ver com facções, antagonismos e com as vaidades humanas. O assunto ficou tão quente que resolvi escrever a esse respeito na tela fria de meu computador.

Creio que o esclarecimento deste assunto é de suma importância pois a Bíblia define pecado como uma desobediência a mandamentos divinos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade” (1Jo.2.4). Diante desta declaração é de se esperar que a Igreja, sendo aquela que manifesta o conhecimento de Deus ao mundo, pratique a vontade de Deus em todas as áreas, inclusive na forma como se organiza e se apresenta ao mundo.

Encontramos embutida na própria definição da palavra pecado amartia (hamartia) no grego, a idéia de que pecado é errar o alvo. Isto acontece quando não atingimos o padrão de Deus para nossa vida como Igreja. Se concluirmos que o alvo de Deus é que vivamos divididos em denominações, então, quaisquer outras formas de organização eclesiásticas são pecadas. Por outro lado, se acharmos que o padrão de Deus é que não criemos barreiras para que os verdadeiros cristãos de uma cidade se relacionem, então esta briga eclesiástica se constitui num grande escorregão. O importante é atingir o objetivo que Deus tem para Sua Igreja.

A Bíblia ensina que ao tomarmos a ceia sem discernir o corpo, estamos nos tornando réus do corpo e do sangue (1Co.11.27). O significado deste termo (réu do sangue e do corpo), pode ser o juízo que vem de se provocar amputações e sangrias (divisões) no Corpo de Cristo.

A verdadeira instrução da Palavra é a de ajustar o corpo, consolidando todas as partes, fazendo com que cada junta e medula se encontre e traga a justa cooperação, isto é, fazer com que o corpo inteiro siga na mesma direção “todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor” (Ef.4.16).

Se cada pedaço do corpo resolver ir numa direção diferente, não vai prestar. Creio que o momento é de inclusão e não de exclusão. Jesus vem buscar uma noiva sem mácula e nem ruga e de corpo inteiro. Amor aos pedaços é uma terrível anomalia espiritual. Devo concordar que a chamada Igreja aos pedaços foi gerada pelos nossos preconceitos e não pelo amor que deveria ser uma marca indisfarçável da Igreja. “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13.35).

Uma coisa que podemos constatar facilmente, é que como resultado das amputações produzimos muita carne podre. Os membros de nossos corpos permanecem vivos porque estão ligados ao corpo. Preconceito e divisão provocam morte, unidade cristã provoca vida. Resistir a este movimento de unidade do Corpo de Cristo é resistir ao próprio Cristo. “Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia”.

A Mácula da amputação deverá ser curada. Jesus vem buscar um corpo e não pedaços de carne totalmente desconectados entre si. Talvez esteja aqui a resposta para aquele pergunta milenar: Como podemos esperar e apressar a vinda do Senhor? Com relação à sua primeira vinda, Jesus não veio para os seus, até que os seus (judeus) não tivessem sido restaurados como nação. Enquanto o povo israelita estava espalhado entre as nações, Jesus não se fez carne. No que tange à segunda vinda de Cristo, creio que o mesmo acontece na sua relação com a Igreja. Ele voltará quando tiver um corpo para levar. Retardar a unidade é retardar a instalação do Reino.

Não estou falando do corpo místico de Cristo. Ele não quer um corpo místico, afinal isto não serve para nada. O Corpo tem que ser visível e palpável. Uma Igreja invisível, não tem qualquer sentido prático. Jesus quer estabelecer na Terra uma Igreja de verdade. Aquela que pode ser vista, ouvida e tocada.

Hoje lidamos com as denominações que num certo sentido tem se tornado uma grande dificuldade para que a visão de Corpo se estabeleça. Não quero levantar uma bandeira de guerra contra esta forma de organização eclesiástica, pois num certo sentido, têm sido um amparo para a Igreja que está espalhada em seu ambiente institucional. O problema está entre os que a elas se escravizam  sem discernir que fazem parte de algo muito maior, que é o Corpo de Cristo.

Há quem prefira optar pela localidade como única base para nossa união e excluem os irmãos ainda ligados às denominações. Este me parece ser um erro ainda maior. Somos um corpo em Cristo que inclui tanto os que se ligaram às denominações, como os que delas já se desprenderam. Desprender-se de sua denominação não é necessariamente desligar-se institucionalmente dela, significa alargar a vista e enxergar o Corpo.

Como nos tempos de Paulo há quem se levante para dizer: Eu sou de Cristo e não de Apolo, Cefas ou de qualquer um outro. É a denominação dos indenominacionais, ou como costumo dizer: O partido dos não partidários. Geralmente este partido acaba se transformando na panela mais fechada de todas.

A Instituição pode tornar-se uma barreira se for à base de nossa comunhão, se causar amputações e se impedir o mover da vida no corpo, achando que isto é exclusividade de alguns. A vida está no sangue derramado na cruz que circula por todo o Corpo de Cristo e vai além dos rótulos, dos crachás e das placas.


Um comentário:

  1. Querido pastor Bira, devolvo agora um comentário que o senhor fez em um artigo no ARVORES MORTAS :

    PALAVRA PURA !

    O MELHOR ARTIGO QUE LI EM 2011 ( ATÉ AGORA , POIS SEI QUE SEMPRE ESTÁ SE SUPERANDO )

    Sua benção !

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