quinta-feira, 28 de julho de 2011

QUANDO O SILÊNCIO FALAR... ATENÇÃO!!!

by Sonia Costa
Todo ser vivo se comunica, tanto através da linguagem falada, quanto da linguagem escrita e também através do silêncio. Silêncio? Será?… E porque não?! Existe uma frase bastante conhecida que se diz, que: “quem cala, consente”. Será mesmo? Nem sempre!!! Então vejamos!

Quando o homem fala através do silêncio ele pode estar querendo expressar os mais diversos sentimentos. Em determinado momento, durante um diálogo entre duas pessoas, uma delas diz: “está bem, já entendi”… e se cala. Muitas vezes tomamos essa atitude, para que o outro reflita a respeito de suas atitudes intransigentes, ou porque não concordamos, ou porque entendemos que, naquele momento, não existe clima para dialogar.

A partir desse momento, instala-se o silêncio e o outro, que ainda quer se fazer entender perde totalmente a ação, parecendo até que o chão fugiu de debaixo de seus pés. Isto acontece, porque o ser humano é imprevisível e nunca se sabe, quais serão as atitudes e/ou intenções por parte daquele que resolveu calar-se. Somente o tempo irá mostrar o que seu silêncio estava querendo dizer.

Um outro tipo de silêncio que temos o costume de exercitar, é quando nosso interior está totalmente desequilibrado; por não sabermos que rumo tomar, nos isolamos e nos fechamos dentro de nós mesmos. Essa atitude nos ajuda, tanto a encontrarmos soluções através da sabedoria que Deus nos dá, como também damos oportunidade para que Ele fale conosco, e nos mostre onde erramos, se erramos, e como deveremos agir para que tudo volte à normalidade. O maior perigo que enfrentamos com essa postura, é perdermos os amigos e as pessoas a quem dizemos que confiamos e/ou amamos.

Podemos citar ainda, outras situações de silêncio. O silêncio se instala minutos antes de algum acontecimento solene. Também fazemos silêncio quando ouvimos um barulho anormal e precisamos detectar sua causa e de onde vem. Todos permanecem em silêncio quando o juiz irá proferir a sentença de condenação ou absolvição num julgamento e, fazemos silêncio também, quando queremos adorar a Deus com reverência. Outro tipo de silêncio é quando um grupo de pessoas decide, por exemplo, fazer um minuto de silêncio em homenagem a alguém; talvez este seja o silêncio mais previsível e mais altruísta do ser humano.

Fazer silêncio, também é uma estratégia excelente, para se chamar a atenção daqueles que estão em tumulto. Quando um líder faz silêncio, normalmente as pessoas se voltam para ele, esperando entender, ou mesmo obter uma explicação dessa sua atitude.

De um modo geral, diversos tipos de barulhos já estão tão incorporados no nosso dia-a-dia que, quando um deles cessa, sentimos um vazio nos incomodando; somente então é que nos damos conta de quanto aquele som já estava fazendo parte do nosso “bem estar”. Às vezes o cessar de um determinado barulho, nos causa tanta curiosidade, que até vamos verificar mais de perto o que estava acontecendo.

Teríamos ainda muita coisa que dizer com relação à interferência do “silêncio” em nossa vida. Mas quero me deter um pouco mais, com respeito ao “silêncio de Deus”, pois este é o que mais nos desequilibra e mais nos incomoda emocionalmente. Dentro de cada um de nós existe um “vazio”, uma “carência” de auto-afirmação e de segurança, que só é preenchida satisfatoriamente através da presença de Deus. É por isso que quando estamos passando por momentos difíceis, que fogem do nosso controle, estamos sempre nos perguntando: “Porque Deus fica em silêncio, quando mais estamos precisando dEle?”

Às vezes nos perguntamos: Será que Deus ficaria em silêncio para conosco por algum motivo proposital? Se essa atitude for inerente à Sua personalidade, teria algum objetivo a ser alcançado? Na Bíblia encontramos o registro de uma situação onde o céu ficou em total silêncio. O Apóstolo João numa de suas visões, enquanto esteve preso na Ilha de Patmos, afirma ter presenciado um silêncio no céu por um tempo indeterminado, que ele calculou ter sido de quase meia hora. “E, havendo aberto o sétimo selo, fez-se silêncio no céu por quase meia hora.” (Ap. 8:1).

Refletindo a respeito desse silêncio no céu, comecei a questionar comigo mesma, se esse silêncio teria alguma significação simbólica, para nosso aprendizado espiritual nos dias de hoje. Encontrei algumas respostas que poderiam ser totalmente aceitáveis; assim, entenderemos melhor a personalidade divina, com respeito a Sua comunicação para conosco, seus filhos.

Um fato que me chamou a atenção foi que esse silêncio aconteceu em decorrência da abertura do sétimo e último selo. Selo fala de segredo e de algo ainda não revelado. Quando um selo é rompido, além de poder ser feito somente pela pessoa autorizada a fazê-lo, significa que essa pessoa está disposta a tornar público o que estava oculto até então.

É importante lembrarmos que antigamente, o selo era um pedaço ou um torrão de argila, usado para fechar um livro ou um documento secreto, e que trazia a impressão de um selo; essa impressão era obtida por uma espécie de carimbo feito em pedra e colocado em um anel, que poderia ser usado na mão ou no braço. Para abrir um documento ou um livro selado, seria necessário quebrar esse selo; isso só poderia ser feito pelo detentor daquele selo, ou por outra pessoa que ele autorizasse. Desta forma, o selo era sinal de possessão.

Entendemos então, que naquela revelação algum segredo seria desvendado e divulgado publicamente. Naquele momento instalou-se o silêncio, pois, sendo o último selo, todos os que ali estavam presentes, ficaram na expectativa de que algum segredo bombástico, bom ou ruim, poderia ser desvendado. Aquele silêncio que durou quase meia hora foi quebrado pelo toque de uma trombeta. Imagino que se aquela situação acontecesse literalmente conosco, seres humanos, nosso coração estaria batendo mais forte a cada minuto que passasse e quando ouvíssemos o soar da trombeta, sentiríamos nosso coração como que querendo sair pela boca.

Na verdade, ninguém gosta do silêncio, pois ele inquieta nossa alma e nos faz rever se tomamos ou não, alguma atitude errada. Lembro-me que quando eu era criança e que meu pai me olhava fixamente nos olhos, instintivamente surgia dentro de mim a pergunta: “o que foi que eu fiz?” Com a experiência de vida que tenho hoje e me colocando dentro daquela situação relatada pelo Apóstolo João, entendi que Deus silencia, para que olhemos para dentro de nós e busquemos mais ardentemente pela Sua presença. É nesse silêncio que nossos corações são desmascarados e percebemos que ainda temos lutado muito, para segurar as rédeas das situações adversas que vivenciamos e assim, reconhecendo nossa fragilidade, percebemos que ainda necessitamos depender mais de Deus, do que das nossas forças e capacidades.

Recapitulando, entendemos que Deus faz silêncio para nos chamar a atenção para algo importante e surpreendente que está para acontecer; também para desmascarar nossos corações orgulhosos e auto-suficientes e passarmos a depender somente dEle; também para olharmos o vazio que se instalou dentro de nós, porque deixamos de ouvi-lo e principalmente porque deixamos de cultivar uma íntima comunhão com Ele; e por último Deus silencia para que voltemos nosso olhar para Ele, porque com certeza, Ele tem algo a nos dizer.

Quando foi a última vez que você parou para ouvir Deus? Quando foi a última vez que você ouviu o silêncio de Deus? Deus tem, no mínimo quatro respostas: sim, não, espera e o silêncio. A mais difícil de enfrentar é o silêncio, mas é justamente o silêncio que antecede o fator surpresa. O silêncio do céu é diferente do silêncio da terra. Quando ficamos em silêncio, ou é porque não temos resposta, ou é porque não queremos magoar aqueles que estão dependendo de uma palavra nossa. Quando Deus fica em silêncio é porque Ele tem resposta e a resposta, pode ou não, ser a que o nosso coração espera; porém devemos crer que a resposta que vem da parte de Deus, sempre será a melhor para a solução do nosso problema.

Creio que quando conseguirmos compreender a linguagem do silêncio, então teremos alcançado o equilíbrio emocional que Deus tanto deseja e quer para nossas vidas.

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