sábado, 21 de abril de 2012

CONVERSANDO COM OS MORTOS



by Sonia Valerio da Costa 



Nem tudo que nossos olhos vêem, necessariamente existe no mundo real. Tanto na ficção científica, quanto na literária e novelesca, tudo se torna possível devido aos recursos tecnológicos oferecidos pela informática. O mundo virtual cria uma realidade tão convincente que permite com que inocentes acreditem cegamente no que estão vendo.  A ficção explora o inimaginável, o fantástico e o desconhecido; ela nos ajuda a despertar nossa criatividade para buscar saídas em situações complicadas da vida real.
O ser humano sempre teve a curiosidade de saber o que acontece no pós-morte; muitas pesquisas e investigações científicas já foram feitas concernentes a esse assunto, porém o lugar em que as pessoas permanecem e o que fazem após a morte física, ainda é um misterio. Algumas pessoas que passaram por uma situação de “quase” morte e que chegaram a se sentir fora de seus corpos, disseram ter visualizado uma forte luz, outras que ficaram vagueando pelas ruas e outras ainda, se encontraram num campo verdejante e com muitas flores. Esses relatos são o máximo que conseguimos saber sobre o que acontece às pessoas que morrem.
Paraíso, purgatorio, carma, céu, inferno, socorristas, juízo final e outros termos utilizados nas diferentes religiões, devem ser passíveis de investigação, com base na realidade, e não na ficção. Partindo do principio que todas as religiões do mundo atual são fundamentadas em alguma passagem bíblica, pretendo neste artigo fazer algumas considerações sobre alguns textos bíblicos mais polêmicos.
Um deles é o que encontramos em I Sm. 28, quando o Rei Saul decide transgredir um dos mandamentos divinos e vai consultar uma mulher de Endor que tinha o espírito de adivinhação. O texto apresenta de forma literal, que apesar de morto, quando foi invocado, o profeta Samuel subiu da terra para dizer a Saul que ele morreria durante a guerra de Israel com os filisteus. Russell Norman Chaplin (1 – p. 72b) escreve que os mediuns, normalmente não têm contato com espíritos remidos, porém que Deus pode ter permitido o aparecimento de Samuel à vidente, fato que a surpreendeu fazendo-a gritar.
Outro ponto de vista mais conservador admite que  Deus tenha permitido que Saul visse uma forma semelhante a Samuel, mas tudo não passava de uma visão, e não do corpo ou do espírito real daquele profeta (1 – p. 72b). Apesar da Bíblia falar claramente que era Samuel, não podemos aceitar cegamente que era mesmo o espírito de Samuel que subiu para falar com Saul (2 – p. 106), porque a principio, a médium disse estar vendo deuses subindo da terra; somente quando Saul insistiu em saber como era a figura deles, então ela disse que via um homem ancião envolto numa capa, o que fez Saul acreditar ser Samuel.
Outro texto é o da transfiguração de Jesus (Mt. 17:1-8, 9:2-8 e Lc. 9:28-36). Apenas Pedro, Tiago e João presenciaram Moisés e Elias conversando com Jesus e ficaram atemorizados quando uma nuvem os cobriu e dela saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado; a Ele ouvi”.  A transfiguração de Jesus demonstrou que Ele, devido a sua divindade, poderia partir dali mesmo para o céu, num corpo glorificado; porém Jesus falou claramente que Ele deveria morrer, antes de entrar na sua glória. Sua morte, ressurreição e ascensão daria a Ele a posição de primogênito entre os mortos (Cl. 1:18).
A Bíblia registra que Elias não morreu, mas foi transladado ao céu num redemoinho e nunca mais foi visto (II Rs. 2:11-12). Quanto a Moisés, a Bíblia registra que foi o proprio Deus que o sepultou num vale da terra de Moabe, pois ninguém viu seu corpo e nem se soube o lugar exato de sua sepultura (Dt. 34:1-8). Prova disto é o registro bíblico sobre a disputa entre o Arcanjo Miguel e Satanás acerca do corpo de Moisés (Jd. v. 9), o que gera um certo misterio se Moisés morreu mesmo ou não (1 – v.1, p. 352).
Outro tema polêmico é quando Jesus diz que João Batista era o profeta Elias que haveria de vir antes do Messias. Esta profecia está registrada em Ml. 4:5-6, porém esclarecida em Lc 1:17 onde não diz que João Batista era a reencarnação do profeta Elias, mas que ele havia vindo no “espírito e virtude” de Elias. Assim como Elias pregou com ousadia a respeito do arrependimento (I Rs. 18:22-40), João Batista também teve um ministério semelhante ao pregar o batismo do arrependimento (Mc. 1:2-4) (Mt. 17:10-13).
Jesus também nos deixou a parábola “do rico e Lázaro” (Lc. 16:19-31), onde entendemos que existem dois lugares distintos (v.23), separados por um abismo que impossibilita tanto a comunicação entre os dois lados, quanto a mudança de um lado para outro (v. 26); mostra também que é impossivel algum morto se comunicar com os vivos para falar a respeito de sofrimento ou mesmo de felicidade que os mortos possam estar vivenciando (v.27-31).
Durante sua crucificação, Jesus disse a um dos ladrões que estava sendo crucificado ao seu lado: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc. 23:43). Estas palavras alicerçam nossa crença de que o Paraíso existe e é o lugar onde os salvos, depois de mortos, aguardam a ressurreição.
Temos diversos registros bíblicos de mortos que ressuscitaram, porém em seus respectivos corpos. Esses fatos estão registrados em II Rs. 4:32-35; II Rs. 13:21; Mt. 27:52-53; Lc. 7:11-15; Lc. 8:49-55; Jo. 11:14-44;  At. 9:36-41; At. 20:9-12. Em todos os textos bíblicos que citei até o momento, não existe provas de que alguém que tivesse morrido, viesse a reencarnar no corpo de algum recém nascido; todos os que ressuscitaram, voltaram à vida em seus proprios corpos físicos. Também, não vemos registro de nenhum espírito desprovido de seu proprio corpo, interagindo com os vivos e muito menos ajudando os mortos em processo de adaptação na nova dimensão pós-morte.
Muitos crêem que os que já morreram atuam na recepção e integração dos mortos recém-chegados à nova dimensão onde iremos após a morte. O que entendo é que existe muita especulação e imaginação, pois ninguém que morreu e teve seu corpo decomposto, veio comunicar a existencia de tais ajudantes. Aparições de pessoas que já morreram, não têm comprovação científica e podem ser fruto da imaginação humana. Os mortos nada sabem depois que descem à sepultura (Ec. 9:10). Não temos nenhum conhecimento que comprove que os mortos continuam em estado de aprendizado e/ou evolução espiritual. O corpo dos que morrem descem à sepultura, porém suas almas permanecem num estado de espera pelo dia da ressurreição.
Jesus morreu e foi o único que ressuscitou num corpo glorioso e está à direita do Pai, intercedendo por nós. Todos os demais seres humanos que morreram ainda estão descansando no silencio, aguardando a ressurreição dos mortos que acontecerá em dois grupos: o primeiro grupo será a ressurreição dos que em vida, aceitaram e creram em Jesus Cristo como Salvador e Senhor, e o segundo grupo ressuscitará para o juízo final. (Hb. 9:27)
Retomando cada fato bíblico, entendemos que a aparição de Samuel se deu em uma sessão não aprovada por Deus, o que pode perfeitamente ser entendido como um charlatanismo da parte de nosso adversario, que a própria Bíblia diz que ele tem o poder de se transformar em anjo de luz (II Co. 11:14-15). Quanto a aparição de Moisés e Elias durante a transfiguração de Jesus, ninguém, até hoje, conseguiu encontrar os corpos de nenhum desses dois profetas, o que nos leva a imaginar que eles não morreram, e podem muito bem estar “guardados” por Deus numa outra dimensão desconhecida por nós. Vale lembrar também de Enoque que andou 300 anos com Deus, e também nunca mais foi visto (GJn 5:21-24 e Hb. 11:5).
O importante é buscarmos a verdade diretamente na Biblia, e não acreditarmos em teorias ou especulações religiosas, que só servem para nos desviar da verdade que é Cristo. Não temos nenhum registro bíblico de que Deus tenha permitido uma conversa entre vivos e mortos e Jesus mesmo nos deixou a advertencia de que erramos por não conhecermos as Escrituras e nem o poder de Deus (Mt. 22:29-32 e Mc. 12:24-27).
Não nos deixemos enganar, pois nossa oportunidade de salvação é apenas nesta vida, aceitando a Jesus Cristo como nosso Salvador e Senhor; depois da morte, segue-se o juízo e não teremos mais oportunidade de encontrar Salvação.
“Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade.” (I Tm. 2:3-4)
Leia também:
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(1) CHAPLIN, Russell Norman.  Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia.  9.ed.  São Paulo, Hagnos, 2008.  6. v.
(2) McNAIR, S. E.  A Bíblia explicada.  18.ed.  Rio de Janeiro, CPAD, 2005. 507 p.
(3) BRUCE, F. F.  Comentário bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento.  São Paulo, Vida, 2009.  2271 p.
Por Sonia Valerio da Costa
Em 21/04/2012

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