terça-feira, 19 de julho de 2011

TRILHANDO PELO CAMINHO DAS PEDRAS

by Sonia Costa

Todos nós encontramos muitas “pedras” ao longo de nossa caminhada por esta vida. Na maioria das vezes elas nos machucam e interferem diretamente no nosso estado emocional e comportamental. Se as considerássemos como oportunidades, e não como dificuldades, poderíamos alcançar resultados mais satisfatórios e benéficos para nós mesmos. Não podemos ignorá-las, porém, a solução será encontrada na forma como lidamos com elas.

Muitas vezes passamos a vida toda pedindo a Deus para remover nossas dificuldades e não percebemos que nos bastaria apenas uma iniciativa ou uma simples atitude, e o problema já estaria resolvido. Como humanos que somos, ou por displicencia ou por falta de sabedoria, jogamos fora as pedras preciosas, colecionamos as que não servem para nada, e ainda ficamos reclamando de nossa “sorte”.

Podemos ignorá-las e seguir em frente ou então mudarmos a direção de nossa caminhada; às vezes tropeçamos em alguma delas e perdemos tempo analisando o tamanho, a qualidade ou mesmo o valor dessa “pedra” e esquecemos de correr atrás de nossos sonhos. Deixamos a vida passar sem realizarmos nada de produtivo pois nos falta coragem de removê-las ou abraçá-las e enfrentar as consequencias que poderão advir de uma ou de outra atitude.

Para compreendermos melhor essa reflexão, temos alguns exemplos bíblicos que poderão ajudar nossa compreensão. Para ressuscitar Lázaro Jesus ordenou aos presentes que tirassem a pedra que bloqueava a entrada do túmulo (Bíblia Sagrada, João 11:38-45). Marta foi a primeira a questionar o Mestre dizendo que já era de 4 dias e cheirava mal; suas palavras exprimiam a realidade dos fatos, pois com certeza, ninguém alí estaria disposto a sentir o cheiro fétido de um corpo em decomposição. Estavam mais preocupados com o problema em si do que com a solução que Jesus poderia dar; se por um lado estavam se mostrando acomodados à situação de passar o resto da vida sem Lázaro, por outro não criam no milagre que Jesus poderia realizar, trazendo a vida de volta àquele corpo morto e já enterrado.

Quando Jesus chega para solucionar uma de nossas dificuldades, na maioria das vezes, nós mesmos somos o maior empecilho para a realização do milagre. Chegamos ao ponto de vermos nossa bênção ressuscitada ou restaurada, mas não queremos abraçá-la, simplesmente por escrúpulos sociais, pois nos preocupamos com a opinião alheia, de termos enterrado um sonho e agora estamos novamente buscando sua realização. Poderemos ser acusados de não saber o que queremos, pois uma hora “enterramos” nossos anseios e outra hora os “ressuscitamos”. Cabe aqui dizer que não podemos ser inconstantes como as ondas do mar; precisamos ser definidos em nossas decisões. Se almejamos alcançar um objetivo, não podemos desistir no meio do caminho, até mesmo diante da morte, pois para Deus, que é o dono da vida, a morte é apenas um detalhe.

Temos um outro exemplo quando três mulheres foram visitar o túmulo de Jesus e estavam preocupadas em como removeriam a pedra que havia sido colocada para bloquear a entrada. Quando chegaram perceberam que a pedra já havia sido removida; o proprio anjo do Senhor fez o que elas não poderiam fazer. A pedra não fora removida para que Jesus ressuscitasse, mas para que as mulheres pudessem constatar que o corpo de Jesus não estava mais alí.

Vamos analisar. Se Jesus tivesse ressuscitado sem a remoção da pedra, quem iria comprovar o fato? Com o passar do tempo, mesmo que alguém ousasse remover a pedra para pesquisas científicas a respeito do corpo de Jesus, nada encontrariam e poderiam concluir que os guardas haviam vacilado na segurança, dando ocasião para que alguém pudesse roubar o corpo; assim, a ressurreição passaria a ser um mito não comprovado na historia judaica. Dessa forma entendemos que a pedra foi milagrosamente removida, não para que Jesus ressuscitasse, mas para que a humanidade constatasse com seus proprios olhos, o milagre que acontecera.

Nesse fato podemos entender a vontade soberana de Deus; quando Ele deseja realizar algum propósito em nossa vida, Ele faz acontecer, independentemente da nossa vontade e/ou atitude. Quando Deus tem um propósito para nossas vidas, Ele mesmo remove os empecilhos e faz com que o sonho seja realizado, não necessitando de nossa interferencia na situação. Nossas preocupações são totalmente dispensáveis diante da vontade do nosso Criador.

Nos exemplos citados anteriormente, tanto na ressurreição de Lázaro, quanto na de Jesus vemos apenas diferença de propósitos e objetivos a serem alcançados por Deus, porém em ambos a pedra representava dificuldades. No primeiro exemplo, Deus levou o homem a uma atitude de remover a pedra, para que através do milagre da ressurreição de Lázaro, Seu nome pudesse ser glorificado entre os homens. Na ressurreição de Jesus, Deus não aceitou nenhuma interferencia humana para que ninguém se achasse digno de adoração, por ter “ajudado” de alguma forma na realização do plano divino de resgatar o homem do seu estado pecaminoso; Deus nos amou de tal maneira, que se deu voluntariamente a si mesmo, para nos trazer salvação. (Bíblia Sagrada, Jo. 3:16)

Encontramos outros acontecimentos registrados na Bíblia Sagrada, onde entendemos que as pedras encontradas eram oportunidades de bênçãos. Após ter vencido os filisteus, Samuel colocou uma pedra entre Mispa e Sem e chamou o seu nome Ebenezer, que significa “Até aqui nos ajudou o Senhor”; aquela pedra simbolizou um altar onde puderam glorificar e exaltar o Nome do Senhor Deus dos Exércitos (Bíblia Sagrada, I Sm. 7:12). Um segundo exemplo de oportunidade foi uma das cinco pedras que Davi utilizou para derrotar Golias que desafiava o povo de Israel (Bíblia Sagrada, I Sm. 17:49).

Se a dificuldade que estamos enfrentando for no âmbito secular, Deus, através de seu Espírito Santo, nos levará até onde a pedra estiver e nos dará orientações para saber se deveremos removê-la de nosso caminho ou utilizá-la como uma oportunidade para a realização do milagre que esperamos. Se for no âmbito espiritual, não precisamos nos preocupar com os obstáculos que bloqueiam nossa vontade de conhecer Deus, pois ao contemplar nossa intenção, Deus mesmo remove as pedras da cegueira e da ignorancia espiritual para que possamos nos encontrar com Ele; somos conduzidos pelo caminho (Jesus), para que possamos ter um encontro de paz com o nosso Criador.

De qualquer forma, sempre será melhor caminharmos em direção ao túmulo de Jesus, para constatarmos que Ele ressuscitou e que através dEle podemos ter comunhão com Deus o Pai e O recebermos como Senhor de nossas vidas. A partir de então Ele nos levará pelos caminhos da nossa existencia e nos mostrará o que fazer com as pedras que encontrarmos para que Ele tenha a liberdade de realizar tanto os milagres que precisamos, quanto os que desejamos.

“Podemos utilizar as pedras encontradas no caminho, para fazer delas um caminho de pedras.”

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